Não há uma cena de Vogue e ballroom em Portugal. Mas Piny Orchidaceae, a.k.a Princesa Pinypon, Inesh Lovey e Nala Mulan estão prestes a mudar isso. Pelo menos, vão lutar por isso e já começam a dar os primeiros passos. As bailarinas/voguers portuguesas, Piny e Inesh, e a bailarina/voguer luso-brasileira, Nala, estão a organizar uma série de workshops, conversas e festas em Portugal dedicadas a este estilo e cultura que nasceu em Nova Iorque nos anos 1980.
Com participação de voguers internacionais, esta série de workshops, a que apelidaram de Vogue Weekend Series, é aberta a tod@s @s interessad@s e curios@s e terá na sua primeira edição apoio do clube Trumps.
“Criar uma comunidade de ballroom não é fácil quando a cultura não existe por si só”, explica Piny Orchidaceae, a.k.a. Princesa Pinypon, ao Les Corps Dansants. “O Vogue é uma cultura complexa, com uma história muito política e de liberdade e equidade racial, económica e de género e opção sexual. Associado a isto está a dança, que é o que as pessoas mais facilmente apreendem e se está a tornar mainstream. Uma segunda vaga de mainstream pós-Madonna, com a série Pose“. Piny refere-se à série norte-americana estreada no ano passado na Netflix, que retrata o início da cena Vogue, e que venceu o prémio Série do Ano pelo American Film Institute e foi nomeada nos Globos de Ouro de 2018 para Melhor Drama de TV e Melhor Actor de TV (Billy Porter).
“A primeira vez que eu vi Vogue e fiz aulas e estive em contacto com a comunidade em Nova Iorque foi em 2007. Tornando a história longa mais curta, existem duas outras bailarinas portuguesas a querer fazer as coisas avançar de uma forma consistente e sem ser atropelada pela estética”. Piny refere-se a Inesh Lovey e Nala Mulan.
“A Nala Mulan está em Paris e tem participado em balls pela Europa e a Inesh Lovey esteve em Nova Iorque uns anos a sentir e aprender Vogue. Eu estive há um mês em Nova Iorque outra vez e, depois de conversas constantes com elas, resolvemos tentar fazer alguma coisa, ter uma estratégia de introduzir não só a dança mas a cultura”.
“O Vogue é uma cultura complexa, com uma história muito política e de liberdade e equidade racial, económica e de género e opção sexual.”
Piny Orchidaceae
Inesh Lovey explicou na sua conta de Instagram o início e objectivo desta comunidade que querem criar.
© Instagram @ineslovelyy© Instagram @ineslovelyy © Instagram @ineslovelyy © Instagram @ineslovelyy © Instagram @ineslovelyy
“Como não é algo natural e que já exista tem de ser criado. Então estamos a tentar criar fins-de-semana onde trazemos Voguers que conhecemos e respeitamos para dar aulas, fazer conversas e festas em colaboração com o Trumps nesta primeira edição.
Como estamos a fazer tudo sozinhas temos de ir vendo como corre. É preciso criar uma comunidade nacional antes de sequer sonhar em formar uma Kiki House ou organizar uma kiki ou um ball”, explica Piny.
A primeira edição da Vogue Weekend Series, “Lisbon Chapter”, acontece dias 19 e 20 de Outubro, na Jazzy Dance Studios – Santos, em Lisboa. São convidados os voguers Veronika Ninja e Yanou Ninja, da House of Ninja.
“O Vogue mudou muito claro. Não é só já pertencente à comunidade gay masculina, afro e latino descendente e de origem socio-económica desfavorecida. O mundo tomou conta e tudo muda. São culturas vivas mas têm sempre uma origem e um contexto. E esta é a minha luta pessoal. Respeitar quando não criei”, conclui Piny.
Página de Vogue Weekend Series: @wvs.lxchapter
Imagem de destaque: © Sharon McCutcheon/ Pexels