Aviso: a Companhia Nacional de Bailado (CNB) não foi contactada aquando da produção deste artigo. Este artigo pretende focar-se no olhar e testemunho da bailarina Maria Barroso, enquanto parte integrante da CNB (mas não porta-voz) e participante na manifestação do dia 18 de Novembro de 2017, organizada pela CGTP, em Lisboa.

Maria Barroso nasceu em Lisboa, iniciou a sua formação na Escola de Dança do Conservatório Nacional, foi semi-finalista no Prix de Lausanne 2010 e ganhou uma bolsa de estudo na Escola John Cranko, Stuttgart. Desde então já passou pelo Semperoper Ballet, Dreden, e pelo Royal Ballet, Londres. Regressou para Portugal em 2015, e está na sua terceira temporada da Companhia Nacional de Bailado. Contactada por LES CORPS, revela um misto de emoções em relação à sua profissão de bailarina em Portugal: “acaba por ser um pouco “agridoce”. Antes de ter vindo para Portugal já trabalhei em três outras grandes companhias na Europa, entre elas o Royal Ballet de Londres. Amo o meu país e as saudades foram o ponto mais forte que me fez voltar.”

Questionada quanto às suas motivações para participação nesta manifestação, diz: “somos artistas, damos tanto de nós diariamente a uma profissão que em Portugal é tão desvalorizada. O orçamento de estado para a cultura fica sempre abaixo de 1% neste país. Este ano não é diferente, a proposta para o OE2018 visa um corte de 2,3 milhões para a OPART. Acaba por ser uma bola de neve, quanto menos apoio temos menos produções e menos qualidade de repertório conseguimos. Isto falando só na programação (da CNB em concreto) mas há graves problemas a serem resolvidos como os contratos precários; a progressão na carreira e a criação do Estatuto do Bailarino.” E deixa o apelo: “A CNB é uma companhia com imenso potencial e talento, só falta mesmo apostarem em nós.”